Mudanças climáticas e biodiversidade no Brasil: o que sabemos, o que não sabemos e o potencial de redução de riscos do Acordo de Paris
Nas últimas décadas, o Brasil acumulou um vasto conhecimento sobre os potenciais efeitos das mudanças climáticas sobre sua biodiversidade. Estudos previram impactos majoritariamente negativos e alguns positivos, e é hora de sintetizar essas informações. Realizamos uma revisão sistemática da literatura e uma análise quantitativa, reunindo 20.582 projeções de risco de 131 artigos.
Em seguida, estimamos o tamanho do efeito dos riscos projetados. Constatamos que os impactos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade variam espacialmente. Prevê-se que as áreas úmidas do Pantanal sofram os impactos negativos mais significativos, seguidas pela Amazônia e pela Mata Atlântica, enquanto os campos do Pampa devem apresentar impactos menores. Nossa análise também revela vieses e lacunas de conhecimento. Por exemplo, a escassez de estudos sobre ambientes marinhos impediu sua inclusão na análise, e houve um forte viés em direção à Amazônia e à Mata Atlântica, com escassez de estudos sobre o Pantanal e o Pampa.
Além disso, houve um viés taxonômico em direção a plantas e vertebrados terrestres, que representaram mais de 90% dos dados. Por fim, embora seja improvável que a adesão ao Acordo de Paris elimine os impactos das mudanças climáticas na biodiversidade, nossa análise prevê que isso poderia reduzir esses impactos em 20% e reduzir pela metade o número de espécies em risco de extinção devido às mudanças climáticas no Brasil.