Publicações > Artigo
Enfrentando a urgência da crise climática e da biodiversidade por meio da restauração estratégica de ecossistemas no Brasil
A restauração dos ecossistemas é crucial em todo o mundo para enfrentar os desafios ambientais. Muitos países, incluindo o Brasil, comprometeram-se a restaurar paisagens degradadas em nível nacional e internacional. O Brasil pretende restaurar doze milhões de hectares de áreas degradadas até 2030, o que requer uma tomada de decisões estratégicas para alocar recursos de forma eficaz e equilibrar os ganhos de biodiversidade com os benefícios sociais.
A abordagem de modelagem apresentada neste artigo utiliza extensos dados de campo sobre biodiversidade para identificar áreas prioritárias para restauração nos diversos domínios fitogeográficos do Brasil. Ao concentrarem-se na expansão dos habitats das espécies nativas e no aumento da conectividade, as(os) autoras(es) pretendem maximizar os retornos ecológicos. Precisamente, elas(es) identificam áreas dentro de cada domínio fitogeográfico brasileiro com maior potencial para melhoria de habitat, incluindo o arco de desmatamento da Amazônia, o Cerrado central, os limites da Caatinga, Pampa e Pantanal, e as áreas costeiras da Mata Atlântica.
A restauração de 30% destas áreas – aproximadamente 76 milhões de hectares – poderia beneficiar significativamente 11.028 espécies, aumentando o habitat disponível em até 10% e melhorando a conectividade funcional da paisagem em 60%. Além disso, este esforço de restauração capturaria até 9,8 milhões de toneladas de carbono atmosférico, contribuindo para as metas climáticas globais.
À medida que o Brasil se esforça para cumprir as metas nacionais e internacionais, os autores também defendem incentivos econômicos para apoiar práticas de restauração dentro de cada domínio fitogeográfico. A integração da modelagem de priorização na tomada de decisões garante resultados ideais de biodiversidade e estoque de carbono para orientar esforços de restauração mais eficazes. Esta estratégia abrangente ajuda a avançar nos objectivos de restauração e sublinha o papel vital do planeamento baseado na ciência na salvaguarda do património natural do nosso planeta.