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Identificando Áreas Prioritárias para Restauração: Bioma Amazônia
O período de 2021 a 2030 foi nomeado como a Década da Restauração pela Organização das Nações Unidas (ONU) devido aos inúmeros benefícios associados a essa prática, como mitigação de mudanças climáticas e conservação da biodiversidade. Tendo em vista essa importância, o Brasil definiu a meta de restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa em todos os seus biomas até o ano limite. Considerando que a Amazônia representa 60% do território nacional, a região é fundamental para o sucesso das ações de recuperação da vegetação. Para contribuir com essa operação, um novo estudo desenvolvido pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), no contexto do projeto Amazônia 2030, identificou áreas prioritárias para a recuperação florestal no bioma Amazônia através de Priorização Espacial Multicritério.
Os resultados indicam que a recuperação de 10% de áreas prioritárias da Amazônia, o equivalente a 5.7 milhões de hectares, possibilitaria a geração de uma receita de R$132 bilhões. Essa arrecadação seria possível através da comercialização de créditos de carbono baseados nas atividades de restauração florestal, que acarretariam no sequestro de até 2,6 bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera. Metade desse valor seria destinado aos fazendeiros para arcarem com custos associados à recuperação, enquanto a outra metade poderia ser direcionada à políticas públicas de financiamento de iniciativas sustentáveis na própria Amazônia. Na palavras de Bernardo Strassburg, diretor executivo do IIS, “[…]você gera receita a partir de carbono obtido com a restauração”.
Entretanto, para alcançar esses benefícios, é necessário seguir as áreas mapeadas pela priorização multicritério. Restaurar a mesma área de forma aleatória é muito menos eficiente, podendo reduzir em até 10 vezes a custo-efetividade. Da mesma forma, levar em consideração apenas o custo pode reduzir os resultados em até 8 vezes. Segundo os mapas do estudo, diversas regiões da Amazônia são prioritárias para a conservação da biodiversidade, mitigação climática ou impacto social – ou até mesmo para os três juntos-, reforçando os possíveis benefícios de um programa de restauração em larga escala. Os mapas elaborados também indicam onde a recuperação deve ser iniciada.